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Inconstitucional autorización a transgénicos recorta a la mitad presupuesto para reforma agraria
MST
Há exatamente uma semana (04/03) assistimos, estarrecidos, a aprovação da Lei
de Biossegurança no Congresso Nacional. Foram 352 votos de deputados federais a
favor da liberação total do plantio e comércio de sementes transgênicas no
Brasil. Ninguém percebeu. Graças à articulação entre os grandes veículos de
comunicação, parte do governo Lula e o próprio Congresso, a população tomou
conhecimento apenas da polêmica sobre as células-tronco, tema extremamente
distinto da transgenia.
Enviado à Câmara em dezembro de 2003, o projeto inicial do governo era
considerado razoável pelos movimentos sociais, ambientalistas e entidades da
sociedade civil, apesar de já misturar a questão dos transgênicos com a pesquisa
em células-tronco. O direito à precaução e o direito ao esgotamento das
pesquisas científicas sobre o tema eram as únicas exigências feitas. No entanto,
o projeto saiu para o Senado bem diferente do que entrou na Câmara.
Totalmente deturpado, dava poderes amplos e absolutos à CTNBio - Comissão
Técnica Nacional de Biossegurança, composta por 15 técnicos, escolhidos sem
nenhum critério democrático e que podem decidir todas as regras sem nenhum
mandato - ignorando-se a experiência acumulada no Ministério do Meio Ambiente e
do Ministério da Saúde, responsáveis constitucionais para tomar decisões de
precaução. É de conhecimento geral que a tradição dos técnicos que atuam na
CNTBio é a de liberação total do plantio comercial de sementes transgências, sem
nunca pedir estudos de impacto ambiental, competência apenas do Ibama (Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), e de riscos à
saúde humana e animal. Novamente na Câmara, sob comando do flamante Severino, o
projeto vindo do Senado com alterações estapafúrdias foi aprovado em sua
totalidade.
Os representantes do agronegócio e das transnacionais saíram triunfantes. As
empresas poderão cobrar livremente royalties para soja, algodão, milho, girassol
e tudo mais que vier. Apenas no ano passado foram R$80 milhões em taxas
arrecadados pela Monsanto só no Rio Grande do Sul. Resta agora às entidades
ambientalistas provarem ao Supremo Tribunal Federal (STF) que a Lei de
Biossegurança é claramente inconstitucional, pois a Constituição Federal em seu
artigo 225 garante o direito à precaução e defesa do meio ambiente. A outra
única saída possível é pedir ao presidente da República o veto aos artigos que
liberam os produtos transgênicos que ainda não foram devidamente testados.
Por isso, pedimos a todos e todas, amigos e amigas da Via Campesina e dos MST,
que lutam por soberania alimentar, pela exaustão da pesquisa e pelo direito aos
agricultores terem suas sementes livres de transgênicos, que escrevam ao
Ministro José Dirceu (