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Latinoamérica

A corte suprema da Colômbia determinou a extradição de Simón Trinidad para os Estados Unidos

Elites são apátridas e sado-masoquistas

Laerte Braga

Simón Trinidad é um cidadão colombiano, integrante das FARCs e negociava com participação do governo do Equador uma saída pacífica para o conflito na Colômbia. A decisão judicial mata qualquer possibilidade de acordo, pois se configura um ato de solerte traição do governo ditatorial e fantoche de Álvaro Uribe.
As elites políticas e econômicas da América Latina são apátridas. Servem ao império norte-americano. Masoquistas em relação a esse império e sádicas com seus povos.
A classe média adora e se compraz nessa relação dominador versus dominado. Para isso basta que exista a perspectiva dos quinze minutos de sucesso a que se referia Andy Wahrol, ou a certeza de uma bunda gigantesca e bem delineada todos os meses na Playboy.
O governo dos Estados Unidos rejeitou o Tribunal Penal Internacional. Mantém presos sem culpa formada e submetidos a tortura em prisões iraquianas, afegãs e na base ocupada de Guantánamo, em Cuba. Bush não admite, falou isso para os cidadãos de seu país, que norte-americanos sejam julgados por cortes internacionais em crimes contra os direitos humanos. Estão acima do bem e do mal. Só os outros, os cidadãos de povos inferiores.
A Colômbia e a imensa e boa parte dos países latinos aceitam extraditar seus cidadãos para os EUA.
Um relatório de organismos especializados mostra que a produção e o tráfico de drogas na Colômbia cresceu a despeito do processo de recolonização do país a partir de Washington. Outro relatório, divulgado há cerca de três meses, aponta o presidente Álvaro Uribe como beneficiário direto desse tráfico. Acusa os paramilitares (forças de extrema-direita) de ligações com os cartéis de traficantes.
Não existe a menor preocupação dos conselheiros militares e das tropas norte-americanas na Colômbia com o tráfico de drogas. O objetivo é outro.
As ligações entre forças populares e os cartéis produtores e traficantes é produto exclusivo dos meios de comunicação controlados pelo império. Cumprem o papel de enganar a opinião pública e permitir toda a sorte de atrocidades, em todos os sentidos, contra lutadores do povo.
A decisão da corte suprema colombiana é outra parte nesse roteiro traçado e dirigido por Washington.
Submissão pura. Subserviência absoluta.
Faz parte da ação contínua e terrorista que visa enfrentar organizações populares e controlar esta parte do mundo. Uribe é títere.
É o mundo da democracia, o chicote do sado-masoquismo nessa relação de lambe botas do império e algoz de trabalhadores.
Vai desde banqueiros, aos que formam as grandes corporações. Passa pelo latifúndio (o setor mais atrasado das elites) e termina nos palácios de governos.
Cuba e Venezuela são exceções. Por isso mesmo alvos do terrorismo do IV Reich.
O rótulo de organizações terroristas apensado às forças que se opõem às políticas do império para o mundo traz essa conotação. Vem servido em forma de democracia, de liberdade, a cores e com efeitos especiais.
A questão colombiana é colombiana. A intervenção militar dos Estados Unidos na Colômbia é um ato de agressão e violência contra todos os povos latino-americanos.
O que existe na Colômbia é um regime ditatorial. Uma força estrangeira controla o Executivo, passa pelo Legislativo e atinge o Judiciário.
Sustenta-se no caráter apátrida e sado-masoquista das elites.
Não é diferente na imensa e esmagadora maioria dos países dessa região do mundo.
O secretário de Defesa Donald Rumsfeld, pouco antes do ataque ao Iraque, disse que os povos do mundo são contra os Estados Unidos, "mas todos querem ser como nós".
Estava colocando os pingos nos iis dessa relação podre e escravagista com elites políticas e econômicas e se referia tanto a elas, como ao poder de sedução do império e seus significados. Suas projeções.
Uma espécie de sentença definitiva que me lembra a situação descrita por um autor cujo nome me escapa, sobre as relações de um prisioneiro de um campo de concentração nazista e o chefe do tal campo.
Ao perceber que o comandante estava desolado com a perda do seu cãozinho o preso se oferece para substituí-lo. Afirma ser capaz de cumprir todas as tarefas que o cão cumpria. Não consegue voltar a ser gente quando do fim da guerra. Era um cachorro.
Elites latino-americanas são assim.
A extradição de Simón Trinidad, decreta pela corte suprema colombiana é como um abanar de rabos (dos magistrados) para a corte. Uma outra corte. A do terror e da barbárie do IV Reich.